Compra coletiva oferece descontos e gera visibilidade para o vendedor
Liquidação total, o patrão enlouqueceu! Iogurte gelado de R$ 9 por R$ 2,69. Pizza grande, de R$ 35, por R$ 9,90. Depilação completa, de R$ 135 por R$ 29.
Não, gente, ninguém está doido. Essas ofertas são reais e estão na internet. Bem-vindo ao mundo das compras coletivas.
Atenção, mulheres! Essa reportagem é pra aquelas que se orgulham de uma compra bem feita e baratinha. Mônica Machado não perde um super desconto. Pela internet, comprou um dia de madame no spa. Banho de espuma e sais, esfoliação, escalda pés, uma sessão de reflexologia, além de uma super massagem corporal: tudo isso de R$ 459 por R$ 99! “Se o propósito era relaxar, estou super relaxada. Ainda mais para quem mora nas grandes cidades. E pelo preço, nem se fala”, diz a advogada.
Para quem ainda não embarcou nesta febre, o modelo mais comum funciona assim: um site oferece um serviço ou produto com descontão, de 50% a 90%, durante 24 horas. Mas esse preço baixinho só tem valor se um número determinado de pessoas comprar a oferta. Depois de atingido esse número mínimo, todos ganham cupons que dão direito à promoção.
“Na maioria das situações, a gente bate o mínimo por muito. A gente teve uma iogurteria no Rio de Janeiro que, acho que o número mínimo era 50, e a gente vendeu 23 mil frozen yogurts em 24 horas, que é o número que eles vendem em três meses”, diz Júlio Vasconcellos, criador do site Peixe Urbano.
Os sites de compra coletiva mexem com um fator que é fundamental na hora da compra: o tempo. O relógio está correndo e o consumidor faz a compra por impulso. Muitas vezes, ele não precisa tanto daquilo que está levando, mas ele compra. A promoção está lá, vai durar muito pouco e, na dúvida, muitos escolhem aproveitar.
Difícil resistir a ofertas tão tentadoras. “Se a gente colocasse a oferta de um mês, provavelmente a pessoa ia entrar e falar assim ‘ah, será que eu compro ou não? Vou deixar pra amanhã’”, afirma Rodrigo Monzoni, proprietário e criador do Oferta Única.
A novidade que desembarcou por aqui no começo do ano faz sucesso nos Estados Unidos há um tempão.
“Pelo caso de sucesso americano, tudo indica que realmente não é um modismo, não é uma modinha. O primeiro grande site americano foi vendido com meses de existência por uma cifra maior do que US$ 1 bilhão. A gente já começa a ver compras, fusões e aquisições no Brasil, mesmo o segmento tendo pouco mais de um ano de existência. Enfim, é um modelo de negócio que já está transformando alguns empreendedores brasileiros, alguns pioneiros, em novos milionários da internet”, diz Gerson Rolim, diretor executivo da camara-e.net.
Júlio é o primeiro deles. Criou o site pioneiro e abriu as porteiras para outros 40 que surgiram depois. São mais de 150 funcionários, entre redatores, designers, representantes comerciais, e, é claro, uma galera que entende de computador, programação e internet. A maioria tem entre 25 e 30 anos de idade.
O jovem site já tem mais de um milhão de usuários. O faturamento é guardado a sete chaves, mas dá pra ter uma ideia. Veja só esse caso: um hotel de luxo de Búzios, no Rio, resolveu anunciar uma mega promoção. Um fim de semana, duas diárias por R$ 580, menos da metade do pacote normal, de R$ 1.200.
À meia noite de uma quarta-feira, foi dada a largada, e, às 8h30 da manhã, 200 pacotes já estavam vendidos. Depois, ao meio-dia, tudo teve que parar, porque foram 750 pacotes vendidos. Um sucesso para todos e uma loucura no setor de reservas.
Uma jogada de R$ 435 mil. O site ficou com a metade e o hotel com a outra: R$ 217.500 em 12 horas. No fim das contas, o hotel recebeu R$ 145 por diária, o suficiente para cobrir os custos.
O lance para o empresário não é o lucro. É conquistar novos clientes, divulgar a marca.
“O nosso objetivo não foi olhar isso. A gente tem que enxergar muito além, o que a gente recebeu de retorno. Fora que esse cliente que está lá, ele consome, e tem o boca a boca. Eu sei lá que ia conseguir atingir alguém que está em Cuiabá, fora toda a ação de marketing que a gente pode fazer no pós-venda. Esse cliente pode retornar, com outras situações que a gente pode oferecer na época de baixa temporada, o nosso mailing cresce muito mais, então tem todo um trabalho que pode fazer em cima desse cliente”, explica Tatiana, diretora do hotel Marina.
O mercado de compras coletivas é promissor, mas já existe um consenso de que poucos sites devem sobreviver. Pensando nisso, os sócios Rodrigo e Antonio aboliram aquele número mínimo para a promoção valer. A pessoa faz uma compra coletiva, pero no mucho!
“Ou seja, ela não precisa esperar formar o grupo. Então, comprou, ela sabe que vai levar e ela já imprime o cupom. Ela vai poder ir ao restaurante, no cabeleireiro, na estética, na hora”, diz Antonio Mouallem, proprietário e criador do Oferta Única.
Mas em meio às tentações dos sites, vale ter cuidado. As ofertas costumam ter prazo de validade, dia e condições para serem usadas. É bom ler as instruções na compra.
“Eu fiquei bem ressabiado no início. Porque a internet a gente tem uma tendência a não confiar. E eu não tinha o costume de comprar nada. Fiquei ressabiado por colocar senha, por ser cartão de credito, mas quando eu conversei com uns dois ou três amigos, e eles já tinham comprado, fiquei mais confiante. Fiz a primeira compra, beleza. Fiz a segunda compra, beleza. Agora fico lá pesquisando pra ver o que acontece. Porque deu certo, né?”, afirma o publicitário Sidnei Oliveira.
Tão certo que Sidnei comprou um jantar de surpresa para a namorada. Ele não curte comida japonesa, mas ela sim! Desculpa, Graziela, mas vamos revelar o valor do presente. O prato, para duas pessoas, sairia por R$ 92. Com a oferta, R$ 37. Para os clientes, vale a pena.
No boca a boca, o casal convenceu dois amigos a aproveitarem a promoção também. O rapaz ganhou pontos com a namorada. A compra é coletiva e o prazer também.
Fonte: eCoopertec – Recife